A espiga e fura é um dos métodos mais usados para unir peças de madeira, é também um dos mais antigos, sendo encontrado em sarcófagos do Egito. Primeiro vamos ver a nomenclatura das partes do encaixe. Como não tenho nenhuma literatura em português, traduzi livremente os termos usados em inglês.
Figura 1: As partes de uma espiga. |
O comprimento da espiga tem uma regra básica de ser pelo menos cinco vezes a espessura da espiga. Na prática, quanto mais comprida a espiga mais resistência dará. Então, caso a espiga não seja vazada, o ideal é fazer a fura o mais profunda possível, deixando ainda uma sobra razoável de madeira do lado oposto a fura, para que não fique muito fraca e quebre facilmente.
Figura 2: Espiga dupla à esquerda e espiga central com haunchs à direita. |
Lembrando que essas regras são um ponto de partida, não uma verdade absoluta. Cabe ao marceneiro decidir as medidas finais. Alguns projetos sofrem mais forças em um sentido do que em outro, assim o marceneiro pode e deve estudar seu projeto, decidindo as medidas ideais da espiga para dar mais resistência nesse ou naquele sentido.
Agora a nomenclatura da fura. Veja que os nomes mudam da espiga para a fura, a altura da espiga equivale ao comprimento da fura, enquanto a espessura da espiga equivale à largura da fura.
Figura 3: A fura. |
Figura 4: Teste para verificar se a espessura da espiga está correta. |
O encaixe por si só já oferece resistência contra compressão, cisalhamento, flexão e torção. A única força contra a qual ele não oferece resistência é a tração, ou seja, ao ato de se separar o encaixe. Porém, há variantes do encaixe que oferecem resistência contra tração, além disso, a cola usada hoje em dia também oferece uma ótima resistência contra tração.
Forças que atuam sobre o encaixe
Vamos ver um pouco sobre essas forças, ter uma noção geral das forças é importante para poder entender alguns tipos de encaixes.
Figura 5: Compressão. |
Figura 6: Cisalhamento. |
Quem oferece resistência ao cisalhamento são as faces da espiga. Quanto mais comprida a espiga, maior a resistência.
Figura 7: Flexão. |
Na verdade, o que mais conta para dar resistência é a relação entre altura e comprimento da espiga. Se a espiga for muito alta e pouco comprida, ela não irá dar resistência contra flexão. Por isso quando o trabalho exige uma espiga muito alta, é comum vermos duas espigas em vez de apenas uma, como já foi comentado antes (figura 2).
Figura 8: Torção. |
A torção é um movimento de rotação da peça da espiga no seu eixo longitudinal. Para resistir à torção, quanto mais alta a espiga melhor.
Figura 9: Tração. |
A última força é a tração. Em uma espiga simples, somente a cola oferece resistência contra tração. Felizmente na maioria dos casos, por conta da disposição dos encaixes, a força de tração vai ser pouca. Além disso, algumas variações oferecem resistência mecânica contra a tração, como a espiga com cunha, espiga com cavilha, etc.
Na próxima postagem vou colocar as variações mais comuns desse encaixe. Até mais!
Na próxima postagem vou colocar as variações mais comuns desse encaixe. Até mais!
Agradecido pelo ótimo texto! Informa de forma simples e clara.
ResponderExcluirAliás, agradecido por passar conhecimentos práticos em marcenaria de forma livre. Seus textos e vídeos me ajudam bastante!
Ótima explicação.
ResponderExcluirGostei muito da explicação. Obrigado.
ResponderExcluirAproveito para pergunta como posso fazer essas espigas?
voce é muito bom nas suas explicações.
ResponderExcluirvoce é muito bom nas suas explicações.
ResponderExcluirFoi de grande importância para mim, parabéns e obrigado
ResponderExcluirPara mim também foi muito importante. Obrigada.
ResponderExcluirBom dia. Se puder me informar quais são as dimensões ideais para os pês de cadeira e qual são as dimensões mimimas das espigas para uma cadeira resistente. Comecei há pouco tempo e já pesquisei e não encontrei essas informações. Agradeço muito
ResponderExcluirMarli POntes 11 94823-8577